Pular para o conteúdo principal

NEURÉTICA (Kant com Sade)




Giovana


Obrigada pelas palavras - em especial o recorte sobre o Pathos
[1] veio muito a calhar com o que ando pesquisando. Estou escrevendo o projeto para o doutorado sobre Literatura e Pulsão de Morte (essa força interna que nos leva para a destruição e para a finitude, mas que é tb o q possibilita a vida). Um tempo atrás, no grupo Escrita e Psicanálise, quando estudávamos o seminário da Ética de Lacan (onde ele fala das tragédias gregas), escrevi um textinho que agora compartilho com vc:

Kant com Sade – sobre “neurética”

Não cessa de não se calar em mim a interrogação sobre os olhares possíveis para o sofrimento – ou seria para o sofredor? Dependendo do olhar (ou melhor, do sujeito que olha) vê-se um herói, um masoquista, um miserável e/ou o belo.
Que relação existe entre a vítima, o belo e o sofrimento? Existe tudo isso sem a lei? Existe vítima sem carrasco? Existe prazer e gozo no sofrimento? E no fazer sofrer? Mas, afinal, o que é o sofrimento?
Parece que a escrita tem uma relação privilegiada com a fantasia, que é nada menos que um dos pilares que sustentam as questões acima. Além disso, a ética se coloca também como conceito fundamental nesta discussão. Sade coloca que a escrita pode fazer ver o que do homem existe em potência, o que ele pode vir a ser caso se deixe mover pelas paixões (no sentido de Pathos, paixão/sofrimento). Não foi isso que fez Antígona?
Sade fala de vítimas ornadas de belezas – e Lacan também. Freud falava em miséria neurótica. Sade também? Qual a relação entre a miséria, o sofrimento e o belo? Certamente não responderei agora. Mais Kant, mais Sade, mais Direito, mais Literatura, e mais tinta na pena...

Não sei exatamente porque lembrei dele hoje, acho que tem a ver com o que você traz sobre o sofrimento psíquico que não deixa marcas visíveis - mas certamente deixa marcas cuja cicatrização pode levar mais tempo que uma chaga aberta. Neste texto quis juntar "neurótico" com "ética", ficou "neurética", uma espécie de ética maluca que nos move e nos deixa, inclusive, fazer parte de abusos que poderiam ser evitados... Enfim, mistérios da alma...

Mariana Lange
Psicóloga

[1] Ver em AGRADECIMENTOS

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

SINOPSE E ABORDAGEM

SINOPSE Fotógrafa pesquisa a violência contra a mulher através da janela de sua casa ou carro, seu “olho câmera” registra tudo. Os planos se cruzam, criando um universo onírico composto de cenas de violência simultâneas a cenas de uma festa, propiciando a reflexão de que ao mesmo tempo em que o espectador assiste ao filme, muitas mulheres anônimas são expostas à violência. Índices apontam que, no Brasil, a cada 4 minutos, uma mulher é agredida. ABORDAGEM DO TEMA Trata-se de uma composição inicialmente autobiográfica, na qual a diretora, que é artista plástica e trabalha com fotografia, escreve sobre a violência contra a mulher, motivada por um episodio verídico de estupro que lhe foi relatado, entre outros relatos que entrou em contato pelos jornais e no Presídio Feminino de Florianópolis, quando realizava um projeto intitulado: “Escreva a frase que te liberta” 2004. Ao passar do tempo, em favor de sua poética, o roteiro foi adquirindo um corpo ficcional, especialmente por desej...

FICHA TÉCNICA

FICHA TÉCNICA DO CURTA-METRAGEM “DA JANELA” DIREÇÃO: Giovana Zimermann E Sebastião Braga, ROTEIRO E STORYBOARD: Giovana Zimermann, DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Sofia Mafalda E Fabiola Becker EDIÇÃO: Tiago Santos, ELENCO: Elianne Carpes, Giovana Zimermann, Luiz Claudio Leite, Marcos José Santin, Marta Cesar E Noara Quintana. PREPARADORA DE ELENCO: Elianne Carpes, DIREÇÃO DE ARTE: Lina Lavoratti, DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA: Martin Carvalho, ELETRECISTA: Dill, TRILHA SONORA: CURANDERA: COMPOSIÇÃO E VOCAL: Guilherme Zimermann Kummer ARRANJO MUSICAL: Frederico Teixeira e Du Gomide. STILL: Anelise Borges. TRADUÇÃO ESPANHOL: Alejandra Maria Rojas Covalski TRADUÇÃO EM FRANCÊS: Clarissa Laus ASSISTENTEDE DE ARTE: Stella Bloss, Figurino: Moara Costenaro ASSISTENTES: Silvio César e Lua MAQUINISTA: Ricardo Xará SOM DIRETO: Paraíba MAKING OFF: João Abreu Dias DESIGN GRÁFICO: Giovana Zimermann

SEMANA FAM